Candidatos Acusados de Envolvimento com Tráfico e Milícias São Eleitos Vereadores em Cidades do RJ
Em uma eleição marcada por polêmicas, candidatos com histórico de envolvimento com o tráfico de drogas e milícias foram eleitos para as câmaras municipais em pelo menos três cidades do Rio de Janeiro. Entre os nomes eleitos, destaca-se o vereador Bruno Fernando Santos de Azevedo, conhecido como Bruno Pezão (PP), de Campos dos Goytacazes. O político foi preso durante a corrida eleitoral, em setembro, durante a Operação Pleito Mortal, conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e pela Polícia Civil.
A investigação revela que Pezão é suspeito de ter participado do assassinato do cabo eleitoral Aparecido Oliveira de Moraes, de 69 anos, conhecido como Aparício, morto em julho deste ano em um ataque que o atingiu com oito disparos na Estrada de Campo Novo. A motivação do crime estaria ligada a desavenças políticas, pois a vítima atuava na campanha de um concorrente de Pezão. O inquérito também aponta que ele teria pago R$ 40 mil ao traficante José Ricardo Rangel de Oliveira, o Ricardinho, para garantir seu apoio na eleição. Um vídeo revelado pelo Ministério Público mostra Ricardinho participando de um evento de campanha do vereador por videoconferência, diretamente do presídio. Apesar de sua prisão, Pezão foi solto dois dias depois por decisão da Justiça, voltou à campanha e obteve 4.880 votos, um salto em relação aos 2.140 recebidos na eleição de 2020, garantido assim a quinta maior votação da câmara municipal.

Outro nome controverso é o de Fernanda Costa (MDB), filha do notório traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que atualmente cumpre pena na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. Mesmo já condenada por transmitir ordens a comparsas em liberdade, Costa conseguiu aumentar sua votação em Duque de Caxias, onde foi reeleita com 7.355 votos, comparados a 3.999 em 2020. Embora tenha iniciado o mandado como suplente, ocupou uma vaga na Câmara após a nomeação de outro vereador ao cargo de secretário em 2021. Em maio de 2023, ela foi condenada a 4 anos e 10 meses de prisão por organização criminosa, mas como ainda recorre da condenação, pôde se candidatar.
Em Belford Roxo, Fábio Augusto de Oliveira Brasil, popularmente conhecido como Fabinho Varandão (MDB), também emergiu como um candidato polêmico, obtendo 4.279 votos. Contudo, sua vitória ainda está sub judice, já que teve o registro de candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral devido ao seu suposto envolvimento com uma milícia. Varandão recorreu da decisão e seu caso será analisado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desde 2018, ele é réu por extorsão e porte ilegal de arma, e um levantamento do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) indicou que ele circula com homens armados, intimidando empresários que tentam oferecer serviços de internet na região. Um empresário relatou à polícia que Varandão o ameaçou durante uma festa de aniversário, afirmando que estava ciente de seu projeto de provedor de internet e que sua área era dominada por ele.
Esses casos levantam sérias questões sobre a política local e a capacidade das instituições de garantir eleições justas e seguras em um cenário marcado pela violência e corrupção no Rio de Janeiro.
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