ColunaEducação

O Tédio da Linguagem Acadêmica: o principal desafio da comunicação

Quem nunca se sentiu perdido em meio a textos acadêmicos cheios de jargões e do “senhor doutor” das universidades? É comum olhar para essas obras e questionar: por que usar um tom tão formal quando posso ser mais claro e direto? Por que empregar um vocabulário quase desconhecido e seguir formatos tão rígidos? Isso realmente agrega valor à minha vida? Será que voltaremos a usar termos do século XV, quando o português era um romance derivado do latim? Acredito que, como estudante, você já se fez uma dessas perguntas, mas talvez ainda não tenha encontrado respostas satisfatórias — apenas seguindo o que “a regra” impõe.

A linguagem acadêmica, com seu vocabulário rebuscado e estruturas sintáticas elaboradas, tem dominado o mundo acadêmico há séculos. No entanto, para muitos, essa formalidade excessiva se tornou uma relíquia chata e ultrapassada, que muitas vezes dificulta a comunicação em vez de torná-la mais eficiente.

Esse estilo conhecido pelo seu jargão especializado e pela pomposidade, tende a ser útil em artigos científicos e teses, onde precisão e rigor são essenciais. Mas, quando a linguagem acadêmica é aplicada fora das universidades, sua complexidade pode alienar o leitor comum, tornando a informação inacessível e desconectada da realidade.

Claro, não podemos ignorar os méritos da linguagem acadêmica. Ela promove exatidão e clareza em contextos onde a ambiguidade pode ser prejudicial. Além disso, essa formalidade conferida pode legitimar os argumentos, garantindo que o conhecimento seja transmitido com rigor. Em áreas onde a precisão é vital — como medicina e direito — essa linguagem tem um papel indispensável.

Por outro lado, é inegável que essa linguagem pode soar entediante e inadequada para o cotidiano. O principal desafio da comunicação acadêmica aparece quando tentamos utilizá-la fora do ambiente acadêmico. Um discurso excessivamente formal pode criar barreiras em vez de construir pontes ao interagir com o público. Para a maioria das pessoas, uma comunicação clara, direta e envolvente é muito mais eficaz.

A modernização da linguagem acadêmica é, portanto, um movimento urgente e necessário. Adaptar o discurso acadêmico para algo mais acessível não significa sacrificar a precisão; ao contrário, trata-se de torná-lo mais inclusivo e compreensível. O uso de uma linguagem híbrida, que combina elementos formais e informais, pode ajudar a estreitar a conexão entre o mundo acadêmico e o público em geral.

Em suma, embora a linguagem acadêmica tenha sua importância e seu lugar, é fundamental reconhecer que sua complexidade pode ser um obstáculo nas comunicações informais. Para tornar o conhecimento mais acessível e relevante, é imperativo revisar e adaptar essa linguagem aos novos tempos, buscando um equilíbrio entre rigor e clareza, com uma pitada de acessibilidade e conexão humana.

Foto: Divulgação/Freepik

error: O conteúdo do Portal Bússola está protegido pela legislação brasileira sobre direito autoral.